Corinthians 0 x 2 Botafogo, não vejo ninguém na minha frente… (um convencimento que não veio).

No jogo que poderia marcar o hexagrama  77 do I-Ching: “o CONVENCIMENTO”, timão não convenceu e jogou o bastão de time “a convencer” para o Botafogo.

Corinthians entrou como esperado com Willian iniciando pela direita e JH pela esquerda, numa espécie de 4-2-4 que tenta forçar o recuo adversário no início dos jogos, algo que sempre funciona.

Menos ontem.

Se a dúvida era se o Botafogo queria os 3 pontos ou estava só na “briga  pela libertadores”, a escalação sem Herrera, mas com Felipe Menezes na articulação, já indicava um Botafogo melhor. Vimos um adversário muito forte na marcação, rápido na saída de bola e fulminante no contra-ataque.

O alerta vermelho deveria ter sido acionado logo aos 4 minutos, quando do gol da nossa linha burra – no estádio, fiquei com a sensação de que fora o juiz quem apontara o impedimento bizarro de um cara atrás da linha da bola.

Botafogo foi um Figueirense mais forte, no sentido que explorou nossas deficiências insolúveis: ausência de saída de bola, isolamento dos extremos e jogadores sem condições físicas.

O 0x1 Loco veio num fantástico contra-ataque que se aproveitou da indefinição entre JC e PA (eu acompanhei bem o lance, Loco só chegou à frente, porque o PA parou. Talvez a bola fosse do Julio?).

JH inverteu de posição com Willian. Imediatamente, Cortes, que ficara preso à marcação do Willian, entendeu que era para atacar, pois JH é mero acompanhante de laterais. E veio o 0x2 bem daquele lado.

Fomos para o vestiário humilhados.

Na volta do 2º tempo, finalmente Corinthians resolve marcar forte e adiantado, recuando o Botafogo, nessa parte a coisa funcionou bem. Contudo, com jogadores isolados, laterais e volantes presos, faltavam tabelas e jogadas de penetração, como a de Willian que arrancou a expulsão do Cortes aos 15.

Com um a menos, Botafogo formou um bunker defensivo inexpugnável.

Tite, que já estava passando instruções para Adriano antes da expulsão, colocou o gordo no lugar de Moradei  e sacramentou como venceríamos o jogo: pela bola aérea, desistindo das tabelas e jogadas de penetração  (mesmo que tenham sido elas as que causaram melhores oportunidades no 2º tempo).

Com adversário absolutamente recuado, o físico cobrou sua fatura e os erros de cansaço se repetiam. À exceção de Alex, todo mundo só queria colocar a bola na área sem pensar muito: eram bolas muito leves, vindo sempre de frente para a consagração do goleiro e zagueiros do naipe de Fábio Ferreira (cruzamento bom vem sempre da linha de fundo e pega o atacante de frente. Repare o tanto de bola que o gordo recebe de costas para o gol).

Na coletiva, Tite falou uma tremenda besteira ao dizer que precisamos “manter esse 2º tempo para o próximo jogo”. Se fizer isso, perde de novo. No máximo, foram aqueles 15 minutos iniciais e só. Quem falar que “jogou bem” um time que não faz um mísero gol contra um adversário recuado durante 45 minutos deveria rever seus conceitos de futebol.

Coisa de Loco: ele só sai de campo depois que todos os outros jogadores saíram.

Sobre o Botafogo, se mantiver essa bola nos próximos jogos, pintou o campeão com honra e mérito. Só que eu duvido. Caio Jr teve o mérito de explorar um time de deficiências conhecidas, mas não conseguiu fazer o mesmo com o Bahia, por exemplo.

Em tempo:

Copo meio cheio: para quem não sabe, campeão brasileiro (tirando 2009) precisa de 73 pts ou 64% de aproveitamento (em 2010 foram 71 pts). Faltam só 22 pts (2,4 pts/jogo – se vencer 7 partidas,  perder 1 e empatar 1, leva).